terça-feira, 10 de agosto de 2010

Distrofia Miotônica de Steinert / Juan Bautista Maíno

Um possível caso de Distrofia Miotônica de Steinert (DMS) foi documentado na arte pelo respeitado pintor espanhol Juan Bautista Maíno (1581-1649):


"Retrato de caballero". Juan Bautista Maíno. Óleo sobre tela, 96 x 73 cm. ca. 1613-1618. Madrid, Museo Nacional del Prado

O Retrato de Cavalheiro reproduz a imagem de um homem de meia idade, cuja notável ptose palpebral simétrica o proporciona uma fisionomia de cansaço. Na pintura, destaca-se também a calvice frontal do personagem (presente em 80% dos portadores de DMS do sexo masculino), é também visível a atrofia do músculo temporal e em menor grau do masseter. Não é possível constatar, sob a roupa do personagem, se o tórax é assimétrico, mas a elevada angulação entre o pescoço e o ombro sugere a cifoescoliose. Em decorrência da fraqueza muscular, a face apresenta uma aparência característica, é longa, estreita e com a pele brilhante, delgada e clara. Nota-se também a diminuição dos sulcos e rugas no rosto do indivíduo. Sob a luva percebemos o gesto da mão (flexão em pinça dos dois primeiros dedos e ligeira flexão das metacarpofalangeanas dos últimos três dedos) Obviamente, seria desconfortável permanecer nesta posição por longos períodos - como em uma pose para um retrato de qualidade - na prática, o incômodo se resolve com a flexão ou extensão completa de todos os dedos. Observando as mãos assim representadas, neurologistas que analisaram o quadro supõem que a falta de uma completa flexão dos últimos três dedos sugere uma fraqueza dos músculos flexores da mão (fenômeno miotônico).

Em conjunto, as características retratadas são típicas da Distrofia Miotônica de Steinert.

REFERÊNCIAS:
Roberto Cano de la Cuerda, Susana Collado-Vázquez ;“Deficiencia, discapacidad, neurología y arte”; Rev Neurol 2010; 51 (2): 108-116

Um comentário:

  1. Nossa,que riqueza de detalhes nessa descrição.Fantástico.Um meio delicioso de reaprender medicina.

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