Eu não me desfaria da minha doença, pois há muita coisa em minha arte que devo a ela. Edvard MunchO artista que mais enfatizou o aspecto humano da arte como um compromisso emocional e intelectual foi, sem dúvida, Edvard Munch. Uma citação de seu diário certifica essa afirmação: “Não devemos pintar interiores com pessoas lendo e mulheres tricotando; devemos pintar pessoas que vivem, respiram, sentem, sofrem e amam”.
Apesar de obter cedo o reconhecimento como o artista mais talentoso de sua geração, a maior ambição de Munch era empreender a expressão existencial por meio da arte. A vida do pintor fora marcada por perdas que influenciaram incisivamente sua atividade artística. Tanto as doenças quanto o sofrimento moldaram fortemente seu estilo pictórico.
Sua mãe, Laura Cathrine, faleceu em decorrência de uma tuberculose pulmonar quando Munch tinha apenas cinco anos de idade (1868); a mesma doença veio a matar, nove anos depois, sua jovem irmã Sophie, que à época tinha cerca de quinze anos.
A mãe morta e a criança (1897-1899, óleo s/tela, 105 x 178,5 cm - Galeria Nacional, Oslo) |
Obras como A Criança Doente (1886) e A Mãe Morta e a Criança (1900) expressam o sofrimento de Munch diante do falecimento da mãe e da irmã. Acima, Sophie aparece em primeiro plano, perto da cama, tapando os ouvidos com as mãos para não ouvir o chamado da morte.
A criança doente (1896, óleo s/tela, 121,5 x 118,5 cm - Galeria Nacional, Oslo) |
Para seguir carreira artística, Munch cortou relações com o pai, homem que, extremamente controlador e devoto, beirava a demência; também Laura (fonte de inspiração para A Melancolia), sua irmã favorita, portava doença bipolar e ficou internada durante muito tempo num hospital psiquiátrico.
Melancolia (Laura),1899. Óleo sobre tela 110 x 126cm. Galeria Nacional, Oslo. |
A estampa no fundo é a doca de Oslofjord, ao pôr-do-sol, em Oslo, em 26 de agosto de 1883. Dia em que um grande tsunami tirou do mapa a ilha vulcânica de Krakatoa, em Java, na Indonésia. A explosão de lava vulcânica colidindo com imensas ondas pôde ser sentida em diversas partes do mundo. O artista, que passava com seus amigos na zona portuária, grafou em seu diário: “De repente, tudo ficou vermelho e uma profunda melancolia e tensão se apossou de mim. Meus amigos foram embora e eu fiquei só, trêmulo e ansioso, como se tivesse ouvido um grito cortante e interminável atravessando a natureza”.
A obra também reflete o sofrimento mental pelo qual estava passando Munch em conseqüência de sua vida marcada por doenças. Os elementos reproduzidos são quase todos tortos para representar a dor que provocou um grito de forte intensidade. Também é válido atentar para a falta de cabelos, a qual demonstra um precário estado de saúde.
O Grito (1893, óleo s/tela, 91 x 73,5cm - Galeria Nacional, Oslo) |
Especialista apontam a infância de Munch como um arsenal de desgraças. “Doença, loucura e morte foram os anjos que acompanharam -me no berço, e desde então tem me seguido durante toda a vida." Registrou o artista em seu diário.
Em 1890, Munch esteve internado durante dois meses em Le Havre, na França, para tratamento psiquiátrico. Em 1900, tratou-se na Suíça e, cinco anos depois na Turíngia, onde foi diagnosticado como portador de grave neurastenia.
O consumo excessivo de álcool, a fadiga pelo intenso trabalho e a decepção amorosa por um frustrado caso com uma mulher casada provocaram-lhe um esgotamento mental no ano de 1908, a partir de então, o pintor foi internado numa clínica em Copenhagen; meses depois, voltou pra Noruega, onde morou até falecer, em 23 de janeiro de 1944, vítima de uma pneumonia.
REFERÊNCIAS:
1. Marques, J. "Doenças e sofrimento moldaram o conjunto da obra do pintor norueguês Edward Munch". CREMESP, Edição 47. 2009.
2..BEZERRA, A.J.C.; As belas artes da medicina. Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal, Brasília, 2003
3.http://www.edvardmunch.info/
4.Scream' Is Found Undamaged in Norway. New York Times. May 8, 1994. p8(N), p6(L), col 3.
me gusta el arte terapia, yo trabajo sobre el area psicologica y la recreacion de imagenes, en si los ojos son como un bebe canguro...
ResponderExcluirParabéns pelo seu blog, Renata!
ResponderExcluirMariana, obrigada! =)
ResponderExcluirMuito bom o blog. Um dos poucos que me faz parar o que tiver fazendo para ler. Gostaria de sugerir atualizações via email, para que assim, não houvesse chance de perder uma só postagem sua.
ResponderExcluirAtt,
Malcon Lins
Malcon, por enquanto estamos só com atualizações pelo Facebook e Twitter, mas vou providenciar via emails. Obrigada pelas visitas!
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