Sim, eu tenho a doença das quedas, a qual não é causa de vergonha para ninguém. E a doença das quedas não impede a vida. F.M. Dostoiévski
O escritor russo Fíodor M. Dostoiévski (1821-1881) foi vítima de uma epilepsia – possivelmente com foco epileptogênico no lobo temporal – que influenciou consideravelmente sua atividade artística. Encontramos em sua vasta obra três personagens portadores da síndrome: Smerdiakov, de Os Irmãos Karamázov; Kirilov, de Os Demônios e o protagonista de O Idiota, príncipe Míchkin.
Há relatos de que o autor apresentou, pelo menos, 500 crises epilépticas generalizadas (Grande Mal) entre os 25 e 60 anos de idade, quando veio a falecer por hemoptise decorrente de Tuberculose.
O romance O Idiota começou a ser produzido em setembro de 1867, em Genebra, Suíça, e fora concluído em meados de 1869, em Florença, Itália. Nesse período, o estado de saúde do autor era bem precário. Repetidos ataques epilépticos, mais fortes do que nunca, deixavam-no em lamentável situação de irritabilidade nervosa. A hiperestesia torturava-o, prejudicando-lhe a atividade intelectual. Em carta dessa época, Dostoiévski escreve: Pedem-me acabamento artístico, uma genuína expressão poética, sem o esforço tornar-se visível; lembram-me o exemplo de Tolstói e Gontcharov, mas não sabem as condições em que estou trabalhando.
Dostoiévski acreditava que um meio de conviver com uma doença crônica incurável seria usá-la como fonte de inspiração visando transformá-la por seu gênio artístico. O autor encontrou uma forma de provar isso transferindo poeticamente as manifestações de sua moléstia para um de seus grandes heróis, o príncipe Míchkin:
ESCOTOMA CINTILANTE COMO AURA:
Há relatos de que o autor apresentou, pelo menos, 500 crises epilépticas generalizadas (Grande Mal) entre os 25 e 60 anos de idade, quando veio a falecer por hemoptise decorrente de Tuberculose.
O romance O Idiota começou a ser produzido em setembro de 1867, em Genebra, Suíça, e fora concluído em meados de 1869, em Florença, Itália. Nesse período, o estado de saúde do autor era bem precário. Repetidos ataques epilépticos, mais fortes do que nunca, deixavam-no em lamentável situação de irritabilidade nervosa. A hiperestesia torturava-o, prejudicando-lhe a atividade intelectual. Em carta dessa época, Dostoiévski escreve: Pedem-me acabamento artístico, uma genuína expressão poética, sem o esforço tornar-se visível; lembram-me o exemplo de Tolstói e Gontcharov, mas não sabem as condições em que estou trabalhando.
Dostoiévski acreditava que um meio de conviver com uma doença crônica incurável seria usá-la como fonte de inspiração visando transformá-la por seu gênio artístico. O autor encontrou uma forma de provar isso transferindo poeticamente as manifestações de sua moléstia para um de seus grandes heróis, o príncipe Míchkin:
ESCOTOMA CINTILANTE COMO AURA:
...Lembrou-se, por exemplo, que sempre um minuto antes do ataque epiléptico, (quando lhe vinham ao estar acordado) lhe iluminava o cerébro, em meio à tristeza, ao abatimento e à treva espiritual, um jorro de luz e logo, com extraordinário ímpeto, todas as suas forças vitais se punham a trabalhar em altíssima tensão. A sensação de vivencia, a consciência do eu decuplicavam naquele momento, que era como um relâmpago de fulguração. O seu espírito e o seu coração se inundavam com uma extraordinária luz. Tal momento, tal relâmpago, que era apenas o prelúdio desse único segundo (que não era mais que um segundo) com que o ataque começava. Esse segundo era naturalmente insuportável.MÚLTIPLOS ESCOTOMAS CINTILANTES NA AURA; O GRITO EPILÉPTICO (provocado quando, na fase de contração tônica, o ar é expulso através da glote fechada) E A CRISE GENERALIZADA:
... Apenas se recordou de que pensou ter gritado: "Parfion, mas é inacreditável!" e nisto alguma coisa pareceu girar em partículas diante dele! Toda a sua alma se inundou de intensa claridade interior. Duraria esse momento, o que? Meio segundo, talvez; mas ainda assim, clara e conscientemente se lembrou do começo, do primeiro som do pavoroso grito que rompeu do seu peito e que não pode evitar de modo algum. Depois a sua consciência instantaneamente se extinguiu e trevas completas se seguiram. Era um ataque epiléptico, o primeiro que tinha depois de uma longa pausa. É bem conhecido que o ataque epiléptico sobrevém inesperadamente. Nesse momento, o rosto se deforma horrivelmente, de modo particular os olhos. Não só o corpo inteiro como os traços do rosto trabalham com sacudidelas convulsivas e contorções.Um terrível e indescritível grito, que não se assemelha a coisa alguma é emitido pela vítima. Nesse grito tudo o quanto é humano fica obliterado; é impossível, ou dificílimo, ao observador, imaginar, ou admitir, que seja um homem quem o defere. É como se outro ser estivesse gritando dentro do homem. A cena de um homem acometido de ataque epiléptico enche os que testemunham de verdadeiro e inexprimível horror, tanto no acesso como no horror resultante havendo um elemento de mistério.
ESTADO PÓS-ICTAL (período logo após a crise marcado por disfunção da área cerebral afetada):
...Eu acabava de ter uma série violenta e lancinante de ataques da minha doença. Sempre que eu piorava e os acessos vinham com mais frequência, eu caía depois numa completa estupefação. Perdia a memória e, embora o meu cérebro trabalhasse, parecia que a sequência lógica das minhas idéias se tinham quebrado. Era incapaz de ligar mais do que dois ou três pensamentos.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
W.Kunze - O "Idiota" de Dostoiévski (na revista "Die-Drei", junho, 1924)
DOSTOIÉVSKI, Fíodor "O Idiota" Editora José Olympio, 1951 - Rio de Janeiro
Lovell J. Epilepsy and art of F.M. Dostoievski. Aust Farm Physician 26 (1) 62-63, 1997
Outros artistas de diversas epocas portadores de epilepsia: Lord Byron, Dante, Charles Dickens, Leon Tolstói, Edgar Allan Poe, Agatha Christie, Truman Capote, Lewis Carrol, Gustave Flaubert, Ian Curtis,Machado de Assis, Margaux Hemingway, Richard Burton, Danny Glover, Van Gogh, Eric Clapton, Neil Young, Handel, George Gershwin, Paganini, Berlioz e Tchaikowsky
ResponderExcluirNão esqueçamos o grande cantor e compositor brasileiro Lobão (João Luíz Woerdenbag Filho), o qual revelou (em entrevista há alguns anos atrás) que era portador de epilepsia desde a infância ou adolescência e fazia uso de Fenitoína.
ResponderExcluirRealmente não sabia que o Lobão, também esta no circulo de "Uma pessoa com Epilepsia". É ótimo estar recebendo noticias desse tipo para um melhor conceito de todas as Pessoas com Epilepsia que estão entre nós!
ResponderExcluirGostaria de receber mais novidades desse Bog!
ResponderExcluirGrato!