Em Os Milagres de Santo Ignacio de Loyola (1618), Peter Pawel Rubens (1577-1640) registrou magnificamente duas personagens epilépticas.
Os Milagres de Santo Ignácio de Loyola (1618). Pieter Pawel Rubens (1577-1640). Óleo sobre tela, 535 x 395 cm. Kunsthistorisches Museum (Viena).
A pintura evidencia Santo Ignacio ministrando uma missa na presença de alguns religiosos. Ele eleva os olhos aos céus, põe a mão esquerda sobre o altar e, com a direita, abençoa os doentes que suplicam por um milagre curativo.
Observe a representação realista das possíveis crises tônico-clônicas nas duas figuras que aparecem à esquerda na imagem.
Em primeiro plano, caído no chão, destaca-se um homem apresentando sialorréia durante a convulsão e, logo atrás dele, uma mulher cianótica aparece amparada, enquanto se contorce e lança um grito epiléptico, com o rosto e o corpo em desalinho.
Durante a Idade Média, era a epilepsia tida como uma possessão por espíritos malignos, que deviam ser expulsos por Cristo. As autoridades eclesiais criam que exorcizar o demônio do corpo de uma vítima era a única cura para a síndrome. Um sacerdote era designado “curador”. Este interessante fato histórico pode ser apreciado na tela de Rubens. É clara na pintura a representação da crise como uma possessão demoníaca, uma vez que uma dupla imagem de demônios aparece na parte superior esquerda do quadro, como se a benção concebida pelas mãos de Santo Ignácio houvesse operado o milagre da cura dos dois epilépticos.
Cor, luz e perspectiva mostram a enorme influência da Escola Veneziana na pintura de Rubens. Os recursos técnicos do pintor e a retórica barroca da tela aumentam a dramaticidade da obra.
REFERÊNCIAS:
1.Peter Wolf: Sociocultural History of Epilepsy
2.BEZERRA, A.J.C.; As belas artes da medicina. Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal, Brasília, 2003.
Belíssimo trabalho:cores,expressões,bem reais.
ResponderExcluirAnunci, acho muito bonito também. Obrigada pelas frequentes visitas. beijoss
ResponderExcluirMe encanta!
ResponderExcluirBela obra de Rubens, este grande pintor barroco, o qual teve o apoio incondicional dos pais na sua trajetória no meio artístico. A obra postada aqui é de 1618, em que podemos ver a forte influencia da igreja católica na sua arte, pois Rubens passa a ser católico em 1589, quando retornava para Antuérpia. A pintura revela personagens com crise tônico-clônica. O interessante é que na Grécia antiga, a epilepsia era tida como doença sagrada, porém na idade média, ela adquiriu este caráter de possessão demoníaca. Só lembrando, Hipócrates foi o primeiro a dissociar a doença do caráter espiritual. Abraços a todos...
ResponderExcluirMuito oportuno o texto Renata, a pintura realmente exemplifica de forma muito realista essa patologia!
ResponderExcluirLa epilepsia es uno de los temas más apasionantes que podemos tratar, en la relación de la medicina con la historia y el arte. Esta tela de Rubens sobre los milagros de San Ignacio de Loyola es un ejemplo magnífico. Los detalles de los rostros de los afectados: ¡magníficos!
ResponderExcluirMuchas gracias, Renata, por tan afortunada aportación.
"Beijos".