segunda-feira, 21 de março de 2011

Síndrome de Down numa Pintura do Séc. XVI

Quando Langdon Down descreveu em 1866 a síndrome que leva seu nome, afirmou estar surpreso por a anomalia não ter sido descrita anteriormente. Investigações posteriores na história da medicina, no entanto, provaram que ele estava errado. A primeira descrição foi feita em 1838 por Jean Etienne Dominique Esquirol (1772-1840), fundador da psiquiatria moderna. Édouard Séguin (1812-1880) também a descreveu clinicamente em 1844. A aberração cromossômica foi descoberta em 1959 pelo geneticista francês Jean Louis Marie Lejeune (1926-1994) que descobriu uma cópia extra do cromossomo 21.

Na pintura flamenga Adoração do Menino Jesus aparece ao lado de Maria uma figura angelical perceptivelmente distinta dos outros indivíduos da cena. Vários observadores identificaram na fisionomia representada sinais típicos da trissomia do 21, julgando assim conter nesta tela uma das primeiras representações da síndrome:

Adoração do Menino Jesus (1515). Jan Joest of Kalkar . New York Metropolitan Museum of Art.

Uma série de características do anjo embasou o diagnóstico de Síndrome de Down, destacando-se: olhos amendoados, achatamento da ponte nasal, fissuras palpebrais oblíquas, epicanto, nariz arrebitado, curvatura descendente dos cantos da boca e dedos curtos nas mãos. Possivelmente, também um outro sujeito retratado, o pastor localizado no centro do fundo, teria a anomalia.

Detalhe do quadro Adoração do Menino Jesus

A representação de um menino com síndrome de Down como um anjo levou muitos a considerar que o autor procurou fazer alguma menção especial à doença.

REFERÊNCIAS:
Dobson, R. “Painting is earliest example of portrayal of Down's syndrome.” BMJ 2003; 326 : 126 doi: 10.1136/bmj.326.7381.126/b (Published 18 January 2003).

4 comentários:

  1. ¡Magnífico, Renata! Has escrito un texto excelente y me has descubierto un cuadro genial, que recomendaré a muchos amigos, por su interés médico, artístico y humano.
    ¡Enhorabuena!

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  2. Minha querida obrigado por ser agora uma seguidora no meu blog, seja bem-vinda! Parabéns por esse novo texto!

    bjs!!!

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  3. Interessante, mas a característica mongólica não é vista apenas nos portadores da síndrome de down; há regiões em que tais faces são bastante comuns, isto não está tão claramente evidenciado na pintura. Pode-se imaginar que o autor teve contato com povos de tais características em algum momento da vida. Mas é claro que a possibilidade de estar retratada a síndrome é grande.

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