sábado, 25 de junho de 2011

"Triste Herança", de Joaquín Sorolla

Com Triste Herança, óleo sobre tela completado em 1899, o pintor espanhol Joaquín Sorolla encerra sua contribuição artística ao “realismo social” iniciado poucos anos antes.

Triste herança (1899). Joaquín Sorolla. Colección privada Bancaja (Espanha).

Antigamente, o termo “triste herança” era usado para referir-se aos males padecidos pelos filhos como conseqüência das enfermidades dos seus progenitores. Tais moléstias eram consideradas vergonhosas por afetar somente descendentes de indivíduos cuja vida era tachada de “pecaminosa” ou fora de sintonia com os comportamentos considerados decentes pela sociedade da época.

Sifílis, tuberculose e alcoolismo são exemplos de doenças que pertenciam ao catálogo de males que se manifestariam na procriação, resultando em seres aleijados e enfraquecidos, condenados, em sua maioria, a viver da caridade exercida por instituições públicas, sobretudo pela igreja.

Inicialmente, Sorolla intitulou a obra de Os Filhos do Prazer, mas mais tarde, por influência de seu amigo, o nobre escritor Blasco Ibánez, deu-lhe a denominação conhecida nos tempos atuais.

Analisando a pintura de um ponto de vista médico, podemos insinuar que as afecções que apresentam os protagonistas da composição são do tipo neurológicas, como a paralisia cerebral infantil, a enfermidade de Duchenne ou a poliomielite.


REFERÊNCIAS:
Roberto Cano de la Cuerda, Susana Collado-Vázquez ;“Deficiencia, discapacidad, neurología y arte”; Rev Neurol 2010; 51 (2): 108-116.

4 comentários:

  1. Olá Renata calheiros;
    Estava pesquisando sobre Samuel Luke Fildes e deparei-me com seu blog - uma jóia em tempos tão difíceis, no que diz respeito ao conhecimento. Muito interessante essa sua busca "medicinal" na arte e literatura. A arte não pode curar doenças físicas, certamente, mas pode e muito bem embelezar a existencia; Como nos lembra Oscar Wide: "Cada um de nós para o tempo em busca do segredo da vida. O segredo da vida está na arte". Até mais ver.

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  2. Los Hermanos de San Juan de Dios, Renata -al menos en España- desde el último tercio del siglo XIX hasta bien entrado el siglo XX, desarrollaron en sus hospitales una encomiable labor atendiendo a los niños afectados de poliomielitis, que fue una terrible epidemia hasta que las vacunas de Salk (1955) y Sabin (1957) iniciaron el control de dicha enfermedad. Posiblemente, la mayoría de esos niños que pintó Sorolla disfrutando un día del Mediterráneo valenciano, gracias a los Hermanos Hospitalarios, eran poliomielíticos.
    "Beijo."

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  3. André, muito obrigada! Você falou bonito quando disse que "A arte pode embelezar a existencia"; bem lembrada também a frase de Wilde. Agradeço pela visita. Abraços :)

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  4. Querido Francisco, interessantíssimo seu comentário. Não era de meu conhecimento. Agradeço a enriquecedora informação. Grande abraço!

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