Tudo tem suas maravilhas, mesmo a escuridão e o silêncio, e por isso aprendo a ficar contente, seja qual for o estado em que possa estar. Helen Keller
Helen Keller (1880 – 1968), nascida no Alabama, foi uma das mais notáveis personalidades da história. Cega e surda desde a infância, a extraordinária mulher superou os obstáculos inerentes às deficiências sensoriais para seguir uma brilhante carreira, provando para o mundo que certas limitações não impedem a obtenção do sucesso.
O trecho abaixo faz parte da autobiografia de Helen Keller, publicada no Brasil com o título
A História da Minha Vida. No livro, Helen conta as dificuldades e alegrias vividas durante os primeiros anos de sua vida.
Então, no sombrio mês de fevereiro, chegou a doença que fechou meus olhos e ouvidos, mergulhando-me na inconsciência de um bebê recém-nascido. Chamaram-na de congestão aguda do estômago e do cérebro. O médico achou que eu não conseguiria sobreviver. Numa manhã bem cedo, porém, a febre foi embora tão súbita e misteriosamente como chegara. Houve uma grande alegria na família naquela manhã, mas ninguém, nem mesmo o médico, sabia que eu jamais enxergaria ou ouviria de novo.A História da Minha Vida (1902) – Helen Keller
Aos 19 meses de idade, Helen foi vítima de uma enfermidade descrita pelos médicos da época como "um forte congestionamento do estômago e do cérebro". A doença de Keller nunca foi identificada com certeza. Atualmente, os médicos acreditam ter sido escarlatina ou meningite.
Em 1886, a mãe de Helen, inspirada pelo conto
American Notes de
Charles Dickens - que narra a história real da educação bem sucedida de outra criança cega e surda,
Laura Bridgman - procurou uma instrutora para a filha. O diretor do
Instituto Perkins para Cegos indicou para a função sua ex-aluna
Anne Sullivan (1866-1936). Também deficiente visual, a Sra. Sullivan havia sido quase cega, mas depois de duas operações, recuperou alguns graus da visão. Helen tinha seis anos, em 1887, quando Anne mudou-se para sua casa. Desde então, a educadora começou a ensiná-la usando a linguagem de sinais do alfabeto na palma de sua mão.
Helen Keller e Anne Sullivan (1893)
Utilizando apenas o tato, Keller aprendeu a se comunicar com o mundo. Através da linguagem dos sinais e do método braile, chegou a dominar os idiomas inglês, francês, latim e alemão, tornando-se mais tarde uma célebre escritora, filósofa, conferencista e ativista política.
Anne Sullivan foi sua professora, companheira e protetora durante 49 anos. Segundo Helen “Foi o gênio de minha professora, sua rápida solidariedade, seu amoroso tato que tornaram tão bonitos os primeiros anos de minha instrução. O melhor de mim pertence a ela - não há um talento, uma aspiração ou uma alegria em mim que não tenha sido despertado por seu toque amoroso”. Juntas, Keller e Sullivan desenvolveram diversas campanhas em favor do bem estar das pessoas portadoras de deficiência.
Baseado na autobiografia de Helen, a história do encontro entre as duas é contada no clássico das artes cinematográficas
O Milagre de Anne Sullivan, de 1962, dirigido por
Arthur Penn.
Sob a orientação de sua professora e com uma persistência inigualável, Helen, além de aprender a ler, escrever e falar (por imitação das vibrações da garganta de sua preceptora) demonstrou, também, excepcional eficiência no estudo das disciplinas do currículo regular. “Nunca se deve engatinhar quando o impulso é voar” é a mensagem deixada por Helen junto com o incentivador exemplo que fora sua bela trajetória.
Curiosidade: A inteligência refinada de Helen fez dela amiga de distintas personalidades, tendo como um dos mais íntimos de seu ciclo social o cientista e inventor
Alexander Graham Bell , que por causa da deficiência auditiva de sua mãe, estava trabalhando com crianças surdas na época. Encantado com as qualidades intelectuais de Helen, também o médico e poeta
Oliver Wendell Holmes tornou-se seu inseparável amigo.