quinta-feira, 14 de junho de 2012

Anatomia do coração no teto da capela sistina, por Michelangelo

Sibilas são um grupo de personagens da mitologia greco-romana, descritas como sendo mulheres que possuem poderes proféticos sob inspiração de Apolo.

A Sibila de Cumas é considerada como a mais importante das dez sibilas conhecidas. Tinha o dom da profecia, e fazia suas previsões em versos. É conhecida como a "sibila de Cumas" por ter passado a maior parte de sua vida nesta cidade, situada na costa da Campânia (Itália).

Apolo, deus que inspirava as profecias da sibila, prometeu-lhe realizar o que desejasse. A Sibila então colocou um punhado de areia em sua mão e pediu-lhe para viver tantos anos quantos fossem as particulas de terra que ali tinha. Mas esqueceu-se de rogar, também, pela eterna juventude, assim foi que com os anos tornou-se tão consumida pela idade que teve de ser encerrada no templo de Apolo em Cumas. Conta a lenda que viveu nove vidas humanas com duração de 110 anos cada.

Michelangelo retratou a Sibila de Cumas como uma profetisa robusta e musculosa, apesar do rosto envelhecido.

Embutido neste afresco, situado no teto da Capela Sistina, nota-se uma fiel representação anatômica da vista anterior do saco pericárdico e dos grandes vasos sanguíneos:

A Sibila de Cumas. Capela Sistina (Itália).
Pistas: O manto sobre a perna direta da sibila tem o formato da representação leiga de um coração. Os dois querubins à esquerda. O querubim de trás repousa a mão sobre o precórdio do querubim que está à frente.



Achados anatômicos: A bolsa pendurada pela alça que emerge logo abaixo do livro adornada com uma franja vermelha, que deixa aparente a extremidade de um rolo de papel, corresponde à vista anterior do saco pericárdico e dos grandes vasos. A veia cava corresponde à alça da bolsa (a), e a emergência da aorta corresponde à ponta do rolo de papel (b). A franja vermelha corresponde à borda do diafragma (c) inserida ao pericárdio.

A coxa e a perna direita da sibila de Cumas chamam a atenção tanto pelo volume como pela cor vermelha iluminada. Também nesta cena Michelangelo retratou, sob outra perspectiva, o coração com o saco pericárdico aberto:


Observa-se acima o coração envolto pelo pericárdio e as duas coronárias – direita (d) e esquerda (e) – percorrendo os seus trajetos estão representados no manto sobre a coxa direita da sibila.

REFERÊNCIAS:
BARRETO, Gilson "A Arte Secreta de Michelangelo - Uma Lição de Anatomia na Capela Sistina. São Paulo: Arx, 2004